“MEMENTO, HOMO, QUIS PULUIS ES ET IN PULVEREM REVERTERIS. ”

SIMBOLOGIA TUMULAR

Na arte tumular, a simbologia é uma forma de representação de determinados contextos históricos, ideológicos, religiosos, sociais e econômicos, onde a morte se torna um grande espetáculo da vida, representando a simbologia de saudades, amor, tristeza, nobreza, respeito , inocência, sofrimento, dor, reflexão, arrependimento, dando sentido às vidas passadas preservadas no silêncio dos cemitérios. A simbologia tumular designa um elemento representativo visível em lugar de algo invisível, que tanto pode ser um objeto, como um conceito ou idéia. O símbolo tem exatamente essa propriedade excepcional de sintetizar, numa expressão simples e sensível, todas as influências do inconsciente e da consciência, bem como das forças instintivas e espirituais, em conflito ou em vias de se harmonizar no interior de cada ser. Desta forma, o símbolo é muito mais do que um simples sinal, transcende o significado e depende da interpretação que, por sua vez, depende de certa predisposição para ser interpretada. Ela intensifica a relação com o transcendente. A simbologia tumular está carregada de afetividade e dinamismo que harmoniza o ser vivente perante a morte, perpetuando a vida.

CATACUMBAS

Catacumbas eram os locais que serviam de cemitério subterrâneo aos primeiros aderentes do cristianismo, para quem a fé se baseava na esperança da vida eterna após a morte. Nos primeiros 200 anos da nova religião, antes de Constantino, é provável que tenham existido vários centros artísticos com estilos artísticos próprios, como Alexandria e Antióquia, mas é em Roma que se revelam as primeiras pinturas murais em catacumbas. É nesta constante aspiração ao Paraíso que o ritual funerário do enterro, e a consequente manutenção da sepultura, vai ser o elemento chave das primeiras representações da arte cristã.

13 de nov. de 2013

INTERROGAÇÃO - Simbologia tumular - 96





Base tumular em granito suportando uma imponente escultura expressionista em granito natural polido. Representa a figura de uma mulher sentada em toda a sua nudez, com as pernas cruzadas. Com a cabeça curvada junto ao braço direito, apóia o cotovelo sobre o joelho do mesmo lado. A mão esquerda mantém apoiada no solo, ligeiramente atrás do corpo. Próximo ao pé da perna direita há uma esfera. Essa composição escultural foi feita de tal maneira que representa o ponto do sinal de  interrogação, por isso a obra é intitulada: "Interrogação" (veja a representação na foto). O autor, com o vigor da sua escultura num acentuado lirismo límpido, a inocência sensual de seus nus funerários expressa uma certa resistência da vida em face da morte, quis deixar para o observador um ar de dúvidas pelo fato ocorrido com o casal. Obviamente que para entender o significado, deveremos saber o que se passou com o casal. (a história segue abaixo) Quatro bases de granito ladeiam o tumulo, apresentando na parte frontal o nome do sepultado. 
TITULO DA OBRA: Interrogação
LOCAL: Quadra 82, terreno 1 e 2
AUTOR: Francisco Leopoldo e Silva (Taubaté,1879-São Paulo, 1948)
Fotos: Ivan Monticelli (close-up) e rbras75
Descrição tumular:Helio Rubiales





Detalhes
Detalhes



HISTÓRIA PASSIONAL DO CASAL


PERSONAGEM PRINCIPAL
Moacyr Toledo Piza (São Paulo, 1891 – São Paulo, 25 de outubro de 1923), brilhante advogado e audaz escritor que toda São Paulo admirava.
Suicidou-se aos 32 anos de idade.

BIOGRAFIA
Era de família fina, sobrinho de senador, irmão de deputado, redator de vários jornais e ex-delegado de polícia nas cidades de Cruzeiro e Bragança . Foi também um poeta, terrível no verso satírico, boêmio, inseparável companheiro de mesa do poeta macarrônico Juó Bananére, do romancista Hilário Tácito (autor do grande sucesso de então, Madame Pommery) e de Voltolino, o ilustrador dos livros de Monteiro Lobato.
ÍNICIO DA TRAGÉDIA
Romilda Machiaverni, (Itália, 17 de outubro de 1902 – São Paulo, 25 de outubro de 1923) garota italiana que em 1904, aos 2 anos de idade chegou ao Brasil, desembarcou na São Paulo conservadora da década de 20, ex-costureira do Brás e ex-camareira de um hotelzinho na Rua Boa Vista, era dona de uma beleza estonteante. Cabelos curtos, 1,68 metro de altura, corpo frágil, um rosto aristocrático, lábios sempre pintados. Mas eram os seus olhos, aqueles olhos amendoados e dissimulados, que levaram dezenas de homens respeitados à loucura. Logo se tornou conhecida nas altas rodas paulistana como Nenê Romano, uma cortesã do luxo. Conquistou dezenas de fãs em São Paulo, incluindo nesta conta o presidente do Estado Washington Luís. A cortesã trabalhava numa casa na Rua Bento Freitas, no centro. Amada pelos homens, Nenê era simplesmente desprezada e odiada pelas mulheres da alta sociedade paulistana. Tanto que, em 1918, a cortesã levou uma navalhada no rosto, de dois capangas a mando da filha da poderosa fazendeira Maria Eugênia Junqueira - a garota ficou enciumada depois de ver seu preterido jogar um bilhetinho para Nenê no corso carnavalesco da Avenida Paulista.



COMO SE CONHECERAM?
Decidida a se vingar, Nenê procurou o combativo jornalista e advogado Moacyr de Toledo Piza, com a intenção de fazer andar um processo de indenização que se achava parado desde 1918, por injunções políticas. Apaixonaram-se. Ela, muito; ele, demais. Passaram dois anos assim, vagando pelas pensões, bares, teatros, restaurantes, arrabaldes, em automóveis alugados – ô vida! Era um amor apontado, daqueles recriminados nas conversas das famílias com um balançar de cabeças. Moacir não era rico; casar com tal pessoa em tal família, impossível. Com o tempo, a moça foi perdendo o entusiasmo, depois o amor, por fim o respeito. Começou a negligenciar a exclusividade que dedicara ao jornalista. Os amigos, penalizados com o estado do apaixonado, pensaram arranjar-lhe uma representação diplomática, tirá-lo da cidade, do país. Ele já não ia ao jornal, ausentara-se da banca de advogado. Ela, por fim, terminou a relação.
A TRAGÉDIA
Oito dias depois, no dia do aniversário dela, Moacir mandou-lhe de presente um faqueiro com um buquê de flores. Nenê recusou o presente. Moacir foi procurá-la, ela saía num carro de praça. Temendo uma cena na frente de casa, pediu que ele entrasse no automóvel. Pouco depois, na esquina da Rua Sergipe com a Avenida Angélica, dentro do carro, ele a matou com quatro tiros. O motorista voltou-se a tempo de ouvi-la dizer "Ai, Moacir", de vê-lo disparar um tiro no próprio coração e cair sobre ela. As amigas colocaram sobre o caixão dela o buquê de flores que ele havia mandado com o presente recusado.
Era uma época em que os homens, quando chegavam ao desatino de matar suas amadas, preferiam morrer com elas.
Fontes: Dimas de Oliveira Jr.-Diretor do curta metragem “Desatino” de 2008,
Ivan Ângelo (Revista Veja), Rodrigo Brancatelli (O Estado de S.Paulo)
Formatação e pesquisa:Helio Rubiales

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